segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Natal!!!!....

NATAL...


Palavra vazia, sentimentos amargos...


Quem disse que o natal era época de paz, de amor, de felicidade?


O natal é, e sempre vai ser uma época de conflitos familiares, de fingimento, de exuberância,de altivez...


Longe vão os tempos em que o natal era realmente natal... agora?!... cinismo, puro e simples. É por Deus que é só uma vez por ano!!!


Gostava que este ano fosse diferente, que finalmente tivesse um natal, mas não, ainda não vai ser desta. Talvez pra próxima, talvez nunca. Talvez o natal seja só mesmo pras crianças, aquelas que tiveram o direito de ser crianças... aquelas a que a vida não obrigou a crescer depressa demais...


Talvez seja só para aqueles que nunca perderam ninguém... Como é triste, ainda mais triste, perder alguém importante nesta quadra...mesmo que esta já não fizesse sentido...


Lembro-me e vejo constantemente dos povos nos países em vias de desenvolvimento, felizes, sem nada, sem roupa, sem conforto, sem casa, sem comida, sem internet, mas felizes,e invejo-os... Invejo-os porque são felizes... porque não tem nada e são felizes, porque tem tudo, tem paz de espirito, tem amor, tem camaradagem...

Se é tão fácil sermos felizes porque complicamos? porquê? porquê?



Desejo-vos um feliz natal... e para aqueles que como eu perferiam que este dia desaparecesse do calendário... calma... felizmente o Homem só quer o natal uma vez por ano, dava muito trabalho e despesa ser todos os dias!!!

sábado, 13 de dezembro de 2008

Kafka à beira-mar

"Por vezes o destino é como uma pequena tempestade de areia que não pára de mudar de direcção. Tu mudas de rumo,mas a tempestade de areia vai atrás de ti. Voltas a mudar de direcção,mas a tempestade persegue-te, seguindo no teu encalço. Isto acontece uma vez e outra,como uma espécie de dança maldita com a morte ao amanhecer. Porquê? Porque esta tempestade não é uma coisa que tenha surgido do nada, sem nada que ver contigo. Esta tempestade és tu. Algo que está dentro de ti. Por isso, só te resta deixares-te levar,mergulhar na tempestade, fechando os olhos e tapando os ouvidos para não deixar entrar a areia e, passo a passo, atravessá-la de uma ponta á outra. Aqui não há lugar para o sol nem para a lua; a orientação e a noção de tempo são coisas que não fazem sentido. Existe apenas areia branca e fina, como ossos pulverizados, a rodopiar em direcção ao céu. É uma tempestade de areia assim que deves imaginar.
E não há maneira de escapar á violência da tempestade,a essa tempestade metafisica, simbólica. Não te iludas: por mais metafisica e simbólica que seja, rasgar-te-á a carne como mil navalhas de barba.
O sangue de muita gente correrá, e o teu juntamente com ele. Um sangue vermelho, quente. Ficarás com as mãos cheias de sangue, do teu sangue e do sangue dos outros.
E quando a tempestade tiver passado, mal te lembrarás de ter conseguido atravessá-la, de ter conseguido sobreviver. Nem sequer terás a certeza de a tormenta ter realmente chegado ao fim. Mas uma coisa é certa. Quando saíres da tempestade já não serás a mesma pessoa.
Só assim as tempestades fazem sentido."

Haruki Murakami

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Tributo aos meus mortos

Sinto em mim um vazio profundo.
Sei que nunca, em situação alguma o hei-de preencher. Aqueles que fui perdendo não voltam mais, infelizmente.
Eles permanecem vivos sim, dentro de mim, dentro daqueles que ainda os recordam.
Quero acreditar que estão aqui, a velar por mim, a ajudar-me nas minhas escolhas, a passar-me a mão pela cabeça, a dizer-me que está tudo bem, que não é o fim do mundo, que só para a morte é que não existe solução...
Quero ouvir de novo tudo isso, quero de novo as pessoas que mais sentido fizeram na minha vida, quero-as de volta...
Ninguém nunca me conheceu tão bem e mesmo assim me amou tanto...
Muito mais havia para dizer, muitas histórias, mas essas são só nossas não é?
Obrigado.
Obrigado por serem quem foram.
Por fazerem de mim aquilo que eu sou...
Obrigado

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Last Poem

Ditado pelo poeta Fernando Pessoa no dia da sua morte em 30 de Novembro de 1935.


"É talvez o último dia da minha vida.

Saudei o sol, levantando a mão direita,

Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus,

Fiz sinal de gostar de o ver ainda, mais nada."